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Rezum, HoLEP e Green Laser: Avanços nos Tratamentos Urológicos  

Pixabay

A hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma condição comum em homens mais com mais idade, caracterizada pelo crescimento excessivo da próstata. Essa condição pode causar sintomas urinários, que podem gerar desconforto,  incômodo e até impactar na qualidade de vida. Felizmente, a urologia tem testemunhado avanços significativos nos tratamentos para a HPB. Neste artigo, vamos explorar três técnicas inovadoras: Rezum, HoLEP e Green Laser, que estão revolucionando a abordagem terapêutica nessa área e comparar à técnica tradicional da Ressecção Transuretral da Próstata (RTU), também conhecida como raspagem. 

Todos estes procedimentos, são realizados por dentro do canal da urina. Mas devemos lembrar, que o tamanho da próstata pode indicar procedimentos diferentes, para dar um alivio melhor ao paciente, e pode até ser necessário fazer uma cirurgia por via robótica, para remoção do tecido interno da próstata, a qual tem riscos e consequências bem diferentes da técnica para o tratamento do Câncer de Próstata. 

1. Rezum 

O Rezum é um procedimento minimamente invasivo destinado ao tratamento da HPB. Ele utiliza vapor de água para reduzir o tamanho da próstata e aliviar os sintomas urinários. Durante o procedimento, através do canal da urina, um  dispositivo é inserido, que associado a uma câmera, chegamos na próstata e “disparamos” uma agulha, que penetra no tecido e depois solta um vapor de água, a mais de 100º C, causando assim, como se fosse uma queimadura, que no começo causa um inchaço e depois retrai o tecido, fazendo com que o paciente tenha um enorme alívio para urinar. Esse alívio se dá 2 a 3 meses após o procedimento. Portanto, num primeiro momento, o paciente sente incomodo devido ao inchaço da próstata. A vaporização do tecido ocorre sem a necessidade de cortes ou incisões, tornando o Rezum uma opção atrativa para pacientes que procuram um procedimento mais simples, rápido e com retorno rápido às suas atividades normais. 

2. HoLEP (Enucleação a Laser da Próstata) 

A enucleação a laser da próstata (HoLEP) é uma técnica cirúrgica avançada que remove o tecido prostático em excesso. E foi na tentativa de diminuir o tempo de internação e os desconfortos pós-operatórios, que foram desenvolvidos os equipamentos de Laser para o tratamento da HBP. Esse procedimento é realizado com o auxílio de um laser de alta energia. Durante a HoLEP, o tecido prostático é ressecado, com a utilização do laser e esse material e deixado na bexiga, para que ao final, seja fragmentado, com um aparelho chamado Morcelador, e esse tecido é retirado pelo canal. O laser é utilizado para separar o tecido da próstata, permitindo sua remoção mais eficiente e com menor sangramento do que a técnica de RTU. A HoLEP é considerada uma opção eficaz para pacientes com próstatas de grande volume e é associada a baixas taxas de complicações, a depender principalmente da experiência do cirurgião. 

3. Green Laser (Laser Verde) 

A terapia a laser verde, também conhecida como fotovaporização a laser verde, é uma técnica que utiliza um laser de diodo para tratar a HPB. Esse laser tem o mesmo comprimento de luz do que a nossa hemoglobina (sangue) e portanto ele consegue, por ser em alta temperatura, evaporar o tecido de dentro da próstata. Esse procedimento é feito também pelo canal. A vantagem do laser verde é que ele é absorvido de forma mais eficiente pela próstata, o que reduz o risco de complicações relacionadas à técnica, mas depende também de uma grande experiência do cirurgião. Lembrando apenas, que por ser uma técnica que evapora o tecido de dentro da próstata, o material não pode ser analisado.  

4. Ressecção Transuretral da Próstata (RTU) 

Esse procedimento é o mais antigo realizado através do canal, para o tratamento da HBP. Através de um aparelho chamado Ressectoscópio e utilizando uma energia elétrica, que inicialmente era Monopolar e a mais moderna é a Bipolar, ressecamos o tecido interno da próstata. Por conta da fonte de energia elétrica, era necessário utilizar líquidos sem ions, o que levava a diversas complicações clinicas no pós-operatório e por isso, foi inventado a forma bipolar. Essa ressecção é bastante eficiente para o tratamento da hiperplasia e já é feita há muitos anos. Ela apresenta vantagens e desvantagens em relação aos outros métodos, as quais vou demonstrar numa tabela comparativa. 

1 – tempo médio de internação, que pode variar caso a caso, de acordo com o tamanho da próstata e experiência do cirurgião

2 – tempo médio do procedimento, pode variar também, de acordo com o tamanho da próstata e experiência do cirurgião

3 – disúria é o termo usado para dor durante a micção. pode ocorrer em todos os métodos, pois não conseguimos deixar a área em repouso, como um machucado em outras partes.

4 – ejaculação retrograda é caracterizada por não sair liquido quando o paciente tem o prazer. o liquido volta para a bexiga e dilui na urina.

5 – tempo de sonda, é o tempo que o paciente precisa ficar com um “tubo” pelo canal da urina, para poder ou esvaziar a bexiga, ou até, lavar a bexiga. na técnica do vapor de água, devido ao edema que ocorre após o procedimento, deixamos a sonda, para não acontecer retenção da urina e o tempo varia de acordo com o tamanho da próstata e numero de aplicações do vapor.

6 – durabilidade é o tempo que o paciente consegue ficar bem, sem a necessidade de outros tratamentos, sejam eles medicamentosos, ou cirurgicos.

7 – uma das complicações relativamente frequente nas cirurgias pelo canal, ou com a utilização de sonda, pode ser a estenose do canal da urina, ou a esclerose do colo vesical. essas complicações pode causar dificuldade no paciente para urinar, mesmo após o procedimento e neste caso, não é por conta do crescimento da próstata.

Em conclusão, existem diversos procedimentos para o alívio dos sintomas miccionais. Dentre os descritos aqui, ainda podemos até incluir outras técnicas, mas todos eles visam o bem-estar do paciente, o melhor esvaziamento da bexiga, a diminuição no risco de infecção, mas sempre tentando preservar todas as funções do paciente, como a continência, potência e a ejaculação. Esses procedimentos devem ser escolhidos de acordo com diversos fatores clínicos e laboratoriais. Mas, além disso, devem ser escolhidos conforme a disponibilidade e experiência do médico também. 

Dr. Carlo Passerotti
Dr. Carlo Passerotti

Estudou Medicina na Escola Paulista de Medicina (EPM), e também, mestrado e Doutorado, na Universidade Federal de São Paulo. Pós-doutorado em cirurgia robótica na Harvard Medical School, Boston, onde foi o primeiro brasileiro a ser certificado e treinado em cirurgia robótica. Atualmente é Professor Livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP, orientador na pós-graduação da Universidade de São Paulo, e coordenador do serviço de Urologia e Cirurgia Robótica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

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