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Qual a Função da Próstata e os Efeitos de Viver Sem Ela

A próstata é uma pequena glândula do tamanho de uma noz que desempenha um papel importante no sistema reprodutor masculino. Para muitos homens, é um órgão pouco compreendido, mas sua função é essencial, e as consequências de sua remoção (geralmente por causa de um câncer) podem ter impacto significativo na vida.

Funções da Próstata

A próstata está localizada logo abaixo da bexiga, ao redor da uretra (o canal que leva a urina para fora do corpo). Suas principais funções incluem:

  1. Produção de Fluido Seminal:
    • A próstata produz cerca de 30% do fluido que compõe o sêmen, fundamental para a nutrição e proteção dos espermatozoides.
    • Esse fluido contém substâncias como ácido cítrico e zinco, que ajudam na sobrevivência e mobilidade dos espermatozoides.
  2. Facilita a Ejaculação:
    • Durante a ejaculação, a próstata contrai para liberar o fluido seminal na uretra, combinando-o com os espermatozoides vindos dos testículos e o líquido das vesículas seminais.
  3. Controle da Micção:
    • Embora não seja o papel principal, a próstata ajuda a controlar o fluxo de urina ao envolver a uretra. Isso garante que urina e sêmen não sejam liberados ao mesmo tempo.

O que Acontece ao Ficar Sem a Próstata

A remoção da próstata, chamada prostatectomia, é frequentemente necessária em casos de câncer de próstata localizado. Apesar de salvar vidas, esse procedimento pode trazer efeitos colaterais. Vamos detalhar os principais impactos.

1. Alterações Sexuais:

  • Ejaculação Seca:
    • Após a remoção, o corpo não produz mais o fluido seminal, resultando em uma “ejaculação seca”.
  • Disfunção Erétil:
    • Cerca de 50% dos homens têm alguma dificuldade para manter ereções após a cirurgia, dependendo da idade e do estado dos nervos ao redor da próstata. Cirurgias robóticas têm taxas melhores de preservação da função sexual.

2. Incontinência Urinária:

  • Perda do Controle da Urina:
    • Durante os primeiros meses após a cirurgia, até 40% dos homens relatam incontinência. Com o tempo, esse número reduz para menos de 10%, especialmente com fisioterapia do assoalho pélvico.

3. Infertilidade:

  • Sem próstata e vesículas seminais, a produção de sêmen é eliminada, tornando o homem infértil.

4. Impactos Psicológicos:

  • Alterações no desempenho sexual e continência podem afetar a autoestima e qualidade de vida. Estudos mostram que até 25% dos pacientes precisam de suporte emocional ou psicológico após a cirurgia.

Números e Evidências

  • Função Erétil:
    • Taxa de recuperação da função erétil após a cirurgia preservadora de nervos varia entre 30% a 85%.
  • Controle Urinário:
    • 95% dos pacientes recuperam o controle urinário em até 1 ano.
  • Sobrevida:
    • Para pacientes com câncer localizado, a taxa de sobrevida é superior a 90% em 10 anos após a cirurgia.

Cuidados e Tratamentos

A medicina avançou muito, e há soluções para minimizar os impactos da remoção da próstata:

  1. Fisioterapia Pélvica:
    • Melhora o controle urinário e a qualidade de vida.
  2. Tratamento da Disfunção Erétil:
    • Medicamentos, dispositivos de vácuo ou implantes penianos podem ajudar.
  3. Suporte Psicológico:
    • Grupos de apoio e terapia ajudam os pacientes a lidar com as mudanças físicas e emocionais.

Referências Científicas

  • Resnick MJ, et al. “Long-term functional outcomes after treatment for localized prostate cancer.” N Engl J Med. 2013.
  • Ficarra V, et al. “Quality of life and continence recovery in elderly patients after robot-assisted and open radical prostatectomy.” BJU Int. 2012.
  • Walsh PC, et al. “Radical Prostatectomy and Nerve-Sparing Techniques.” J Urol. 1982.
Dr. Carlo Passerotti
Dr. Carlo Passerotti

Estudou Medicina na Escola Paulista de Medicina (EPM), e também, mestrado e Doutorado, na Universidade Federal de São Paulo. Pós-doutorado em cirurgia robótica na Harvard Medical School, Boston, onde foi o primeiro brasileiro a ser certificado e treinado em cirurgia robótica. Atualmente é Professor Livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP, orientador na pós-graduação da Universidade de São Paulo, e coordenador do serviço de Urologia e Cirurgia Robótica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.