O Papel do PSA e do Toque Retal no Rastreamento Abrangente do Câncer de Próstata

PSA

O teste de antígeno prostático específico (PSA) e o exame de toque retal (DRE, na sigla em inglês) são componentes cruciais no rastreamento do câncer de próstata, embora cada um tenha suas limitações e pontos fortes. Compreender a interação entre eles e as diretrizes existentes pode melhorar os esforços de detecção precoce, especialmente em homens assintomáticos.

Quais são as limitações do teste de PSA na detecção do câncer de próstata?

Embora o teste de PSA meça uma proteína produzida pelas células da próstata, sua especificidade para o câncer é limitada. Níveis elevados de PSA podem ser causados por hiperplasia prostática benigna (HPB), prostatite ou até mesmo ejaculação recente, levando a falsos positivos. Por outro lado, 15% dos homens com níveis de PSA abaixo de 4 ng/mL — comumente considerados normais — ainda podem apresentar câncer de próstata, incluindo tumores agressivos de alto grau. Alguns cânceres agressivos, como os adenocarcinomas pouco diferenciados, produzem pouca ou nenhuma quantidade de PSA, escapando à detecção. Isso limita o PSA como ferramenta diagnóstica única para identificar todos os casos de câncer, particularmente aqueles que representam risco de vida.

Como a combinação do teste de PSA com o toque retal melhora a precisão do rastreamento do câncer de próstata?

Adicionar o exame de toque retal ao rastreamento por PSA oferece informações complementares. Enquanto os níveis de PSA refletem marcadores sistêmicos da atividade da próstata, o toque retal permite que os médicos detectem anormalidades físicas localizadas, como caroços, nódulos ou assimetrias, que podem indicar câncer. Por exemplo, um homem com PSA de 2,5 ng/mL, mas com resultado anormal no toque retal, tem uma probabilidade significativamente maior de apresentar câncer em comparação com alguém que tenha resultados normais em ambos os testes. Estudos sugerem que a combinação de PSA e toque retal pode aumentar a detecção de cânceres de baixo grau (Gleason 6) e de alto grau (Gleason 7+), abordando as lacunas diagnósticas deixadas pelo PSA isolado.

Quais são as diretrizes atuais para o rastreamento do câncer de próstata em homens assintomáticos?

  • Associação Americana de Urologia (AUA): A AUA recomenda a tomada de decisão compartilhada para homens entre 55 e 69 anos em relação ao rastreamento por PSA, considerando fatores de risco individuais. O rastreamento rotineiro para homens acima de 70 anos ou com expectativa de vida inferior a 10-15 anos geralmente não é indicado.
  • Associação Europeia de Urologia (EAU): A EAU defende o rastreamento baseado em PSA em homens bem informados entre 50 e 69 anos ou mais cedo (a partir dos 45) para grupos de alto risco, como aqueles com histórico familiar ou ascendência africana.
  • Sociedade Americana do Câncer (ACS): A ACS enfatiza a decisão informada, recomendando discussões sobre o teste de PSA a partir dos 50 anos para homens de risco médio e mais cedo para indivíduos de alto risco.

Ao alinhar as estratégias de rastreamento com essas diretrizes e utilizar tanto o PSA quanto o toque retal, os médicos podem otimizar a detecção precoce, garantindo que cânceres agressivos sejam identificados, ao mesmo tempo em que minimizam intervenções desnecessárias para condições benignas

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Dr. Carlo Passerotti

Estudou Medicina na Escola Paulista de Medicina (EPM), e também, mestrado e Doutorado, na Universidade Federal de São Paulo. Pós-doutorado em cirurgia robótica na Harvard Medical School, Boston, onde foi o primeiro brasileiro a ser certificado e treinado em cirurgia robótica. Atualmente é Professor Livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP, orientador na pós-graduação da Universidade de São Paulo, e coordenador do serviço de Urologia e Cirurgia Robótica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.